“Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar…” Antonio Machado
Eu nasci no interior de Goiás (GO), de uma família de fazendeiros daquela região, um mundo onde a simplicidade fazia parte do nosso estilo de vida.
Desde muito cedo eu me tornei focada em objetivos. Aos 9 anos, gostava tanto de livros que queria ser escritora quando crescesse.
Comecei a escrever livros de histórias para minhas irmãs lerem ao longo dos nossos maravilhosos verões na fazenda.
Apaixonei-me pelas palavras e pelo mundo imaginário onde animais falavam com as crianças e essas podiam voar.
O estado de Goiás, é conhecido por não seguir bem a norma culta da língua portuguesa no dia a dia e está tudo bem. Os considerados ‘erros’ são, na verdade, uma riqueza da diversidade cultural e linguística que temos no nosso país.
Eu, que falava o português goiano bem longe da norma culta, me apaixonei pela língua inglesa no início da minha adolescência, lá naquela pequena cidade do interior, chamada Saclerlandia, fundada por um francês, Sancler. Nem imaginava que as línguas estrangeiras iam fazer parte da minha trajetória profissional. A verdade é que lá na nossa cidade, estudando sempre em escolas públicas, nunca havíamos tido professores de inglês. O professor de português ou de artes nos davam atividades para cumprir o currículo do MEC. Até que um dia, Deus ouviu nossas orações, ou melhor, o padre da cidade ouviu dizer que não tínhamos professores de inglês e aí o milagre aconteceu. Dona Efigênia, uma freira italiana que foi morar naquele fim de mundo – Senhor, nunca saberemos o porquê, mas obrigada! -, sim, ela passou a ser nossa professora de inglês. Ela não falava português e nós não sabíamos nem dizer “the book is on the table”, mas tínhamos mesa, livros e agora tínhamos uma professora. Foi a primeira vez que entendi que havia outros idiomas, pois ainda era abstrato a ideia de que as pessoas falavam outras línguas, o máximo, até então, era ouvir músicas em inglês no rádio e tentar imaginar o que a letra dizia e que idioma era.
Uma semente de paixão por línguas estrangeiras foi plantada ali. Era difícil pensar em aprender outro idioma, pois, como disse anteriormente, tínhamos lacunas na nossa própria língua, o português. Mas ali estava uma professora que, com afeto e dedicação, nos ensinava a língua inglesa minimamente, mas suficiente para gerar interesse, pelo menos em mim. Uma vez li que – creio serem palavras do Dr. Seuss – se você for importante para uma pessoa, já está de bom tamanho. Ela foi para mim.
A vida foi me conduzindo a outras estradas e aos 15 anos me mudei para a capital do estado, Goiânia, para parcialmente trabalhar como babá na casa de parentes e ter a chance de estudar em uma escola melhor no ensino médio, mesmo ainda sendo pública. Fiquei apenas um ano e meio na casa daqueles parentes e fui morar com minhas irmãs em uma casa alugada por nossos pais. Eu havia aberto novas estradas para elas também.
A leitura do livro “Alice no país das maravilhas”, aos 16 anos, me tocou profundamente quando, em certo momento, ela escuta que quem não sabe para onde quer ir, dificilmente chegará a algum lugar. Ainda, outro livro chegou a mim, a biografia de Martin Luther King (amo biografias desde então), e a frase “I have a dream” me despertou, primeiro pois eu conseguia ler em inglês, isso era muito já para uma camponesa; segundo porque me fez pensar sobre o que eu gostaria de fazer na minha vida, de realizar no futuro. Assim, comecei a sonhar e a planejar novos caminhos que poderiam se abrir para mim. Deixei o trabalho de babá e consegui um trabalho como secretária júnior em uma escola de inglês, CCAA, muito conhecida na época. Eu busquei propositalmente, e com a bolsa de estudos para funcionários, fiz o curso de inglês lá. O Sr. Sinésio e Dona Neide viram potencial em mim e depois que saí de lá, aos 18 anos, pagaram o primeiro ano de estudos no curso de teologia que fui fazer em São Paulo, em 1995. Nem imaginava o que o futuro tinha para mim, mas estava aberta para o novo e para as oportunidades.
No interior de São Paulo acabei me tornando a secretária bilingue do presidente da Escola Teológica onde eu havia ido estudar. Recebi a benção de aprendizados que carrego para a vida: ter disciplina, objetivos claros e prioridades estabelecidas. Sai de lá aberta a desafios que me fizessem crescer e com vontade de fazer diferença na vida das pessoas. Então, me mudei para outros países, Bolívia, África do Sul e Inglaterra, trabalhando em um projeto missionário cristão.
Susie
Quando saímos do nosso país, há choques culturais em todos os aspectos, até nosso nome pode ser um desafio. Ninguém conseguia pronunciar o meu nome de nascimento, Silcia. Susie foi o nome que ganhei desde que comecei a morar fora do Brasil.
O inglês foi, desde então, um diferencial nas portas abertas, tanto profissionais quanto pessoais, por meio de viagens pelo mundo.
Adaptado por :
Professora:
Teacher Susie
Director of Studies (Dos) –
Teacher e Diretora pedagógica da Fully Fluent Academy.