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Minha Trajetória Profissional como Professora de Idiomas Parte 2

Decidi me desligar do meu trabalho de missionária e voltei para o Brasil em 2004. Dar novos passos em uma jornada pessoal e profissional, em voo solo, era meu desafio iminente. 

Precisava de uma profissão, um ofício em que eu pudesse trabalhar e me sustentar financeiramente. O que eu sabia fazer? Que talentos eu tinha que poderiam se tornar minha profissão? O sonho da infância de ser escritora não ia se realizar, pelo menos naquele momento, e poderia ser que eu nem tivesse talento mesmo para isso. 

Eu gostava de ensinar, de idiomas, de culturas e de histórias. Ia ser professora de inglês e português para estrangeiros. 

Ensinar seria minha profissão e fui para a universidade estudar, a fim de me profissionalizar

nessa área. Graduação em Letras-Inglês e Pedagogia não eram suficientes, pois almejava ser professora

universitária, a única forma que encontrei em que teria uma renda digna que eu almejava. Fui aprovada na seleção para fazer o mestrado em educação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Caminhos de pedras, de fato, muitas dificuldades – majoritariamente, financeira, visto que a bolsa que eu recebia do governo para ser estudante de tempo integral não era suficiente para sustentar a mim e a meu filho. Tinha que aumentar a renda, para sobreviver e conseguir ter tempo para estudar, pesquisar, publicar. 

Uma vez li que a necessidade é a mãe da invenção, talvez foi Platão que tenha iniciado essa ideia. Assim, no meio das necessidades financeiras, tive a ideia de iniciar um curso de inglês em que eu daria aulas de inglês para profissionais, o curso se chamaria VIP, Very Important People, pessoas muito importantes; de fato, meus alunos sempre foram e são muito importantes para mim. O foco naquele momento era ensinar empresários e profissionais que precisavam de inglês para suas carreiras, atendendo presencialmente alunos na cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte. 

Naquele período, já tive também a visão de ensinar online e tive inúmeros alunos nessa modalidade, muito antes das pessoas pensarem em fazer inglês pela internet. Esse projeto não só me ajudava financeiramente, mas ao ver tantos resultados e tantos alunos alcançando a fluência na língua inglesa, eu entendi que estava no caminho certo. 

Conseguir uma vaga para o doutorado demorou alguns anos, era uma concorrência grande demais, mas minha hora ia chegar. Fui aprovada novamente pela UFRN, entres os três primeiros colocados, tendo direito a bolsa de estudos! Iniciei os estudos em 2018, enquanto continuava com meu curso VIP, que tinha mais de 20 alunos efetivos comigo e com outros dois professores, já que não tinha mais tanto tempo, pois precisava me dedicar a minha tese.

 

Estava vivendo um momento muito especial. Contribui com a minha orientadora, assistindo-a nas aulas de graduação, orientava alunos em seus TCCs, organizava eventos para o nosso departamento, assistia nas relações públicas de alunos internacionais que vinham estudar em nossa universidade, viajava para apresentar os direcionamentos da minha pesquisa. Os dois primeiros anos do meu doutorado foram bem emocionantes. 

Em meados de 2019, fui selecionada para um projeto de internacionalização, como parte de um projeto de pesquisa financiado também pelo governo brasileiro, dentro de uma parceria entre minha universidade e a Universidade de Lleida (Catalunha/ Espanha). Que privilégio. Que sonho realizado.

 Cheguei lá em janeiro de 2020, com muita expectativa e planos; um deles era pesquisar in loco, isto é, várias escolas bilíngues em Lleida e também em Barcelona, no intuito de trazer modelos e ideias para dentro da minha tese para contribuir com o ensino de inglês no Brasil. Também sonhava em prestar um concurso para ser professora universitária no meu país, após a defesa da minha tese.

 

 

 

 

 

Como a vida não é uma jornada linear e temos que aprender a redirecionar a rota, o ano de 2020 fez isso para a maioria de nós. Em apenas dois meses de minha chegada na Espanha, a pandemia do COVID-19 colocou pausa em muitos projetos – ou proporcionou a criação de outros. Eu estava sozinha, minha orientadora era de grupo de risco e se isolou, obviamente. A minha meta naquele momento era estar com saúde, adaptar-me e encontrar novos caminhos dentro daquela realidade mundial.

 

 

Resiliência, determinação e adaptação foram as palavras-chave naquele momento.

Em julho de 2020, já vimos claridade nos meses cinzentos que

 

tínhamos vivenciado coletivamente no mundo todo. Tive a chance de ter algumas escolas abertas e fui fazer parte da minha pesquisa em uma escola que ensinava inglês como tecnologia, chamada Smart School (Escola Inteligente).

 

 

 

 

A vida estava retornando ou se refazendo para muitos de nós. Muitos dos meus alunos continuavam comigo na modalidade online. Acompanhei histórias de alunos que perderam pessoas importantes em suas vida. Vi que era hora de humanizar ainda mais o ensino, pois no meio do caos, ainda continuavam comigo e a Fully Fluent Academia (FFA) foi se estruturando em uma roupagem mais forte no ensino com humanidade e empatia; e, então, o ensino personalizado e virtual se consolidou como essencial a partir daí. 

Em dezembro de 2020, retornei ao Brasil, com várias incompletudes, incertezas e dúvidas, mas focada em somente concluir meu doutorado e, devagar, decidir o próximo passo. Defendi minha tese no início de 2022. Posso dizer que foi o maior desafio da minha carreira acadêmica até agora. Não sabia mais se queria de fato fazer a seleção para ser professora universitária no Brasil, como planejei desde que iniciei a minha graduação. Não sabia se voltava a trabalhar em alguma escola de inglês no Brasil, se aceitava um convite da escola Smart school para voltar a Espanha, se abria uma escola física no Brasil ou se me dedicava na estruturação da minha escola, chamada de Fully Fluent Academia (FFA) – Escola da Fluência Plena, em português -, como escola digital. Acolhi minhas incertezas e vi que não tinha que decidir nada rapidamente. Ia estruturar a FFA calmamente, formar os professores e captar mais alunos. A escola se estabeleceu, bem-estruturada, valorizando seus professores financeiramente e com compromisso no desenvolvimento profissional de cada um deles.

 

Adaptado por :

Professora:
Teacher Susie

Director of Studies (Dos) 

Teacher e Diretora pedagógica da Fully Fluent Academy.

 

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